Lugar de mulher é onde ela quiser
Autor/Fonte:Juliana Cruz | Data:13/07/2015
Este ano a Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat), juntamente com as associações locais, dentre elas a Associação dos Advogados Trabalhistas de Pernambuco (AATP), lançaram uma campanha de valorização da participação da mulher na advocacia que deve e merece prosseguir não apenas na seara trabalhista, mas em todos os ramos do Direito, ultrapassando as barreiras das "águas de março".
É doloroso admitir que ainda precisamos vestir uma camisa cor de rosa lutando pelo direito de estar onde se quer, mas é indiscutível o desequilíbrio existente entre os gêneros dentro da advocacia. Se hoje o número de advogadas é quiçá superior ao de homens, infelizmente não se verifica a presença e atuação dessas mulheres nos órgãos de representação da classe.
De tradição machista e conservadora, a Ordem dos Advogados precisou instituir, em novembro de 2014, uma alteração em suas regras de eleições internas para determinar que as chapas que participem do processo eleitoral tenham, ao menos, 30% de mulheres em sua composição. Ressalta-se, contudo, que o percentual aplicará aos homens na hipótese de chapas majoritariamente femininas, visando à igualdade de representação dos gêneros.
Embora inicialmente pareça um absurdo que seja necessária uma norma que garanta às mulheres um mísero percentual de 30% de representatividade em pleno ano de 2015 e estando em um país presidido por uma mulher, na prática essa regra foi um "faz-me rir" concedido àquelas que buscam e lutam por espaço dentro da política institucional, após muita discussão e verdadeira humilhação sofrida pelas representantes femininas na sessão do Conselho em que tal cota foi aprovada.
Se olharmos a composição da Diretoria Executiva da OAB federal, verificamos que ela está composta 100% por homens. Se passarmos a olhar para a galeria de membros honorários, concluímos que jamais a referida instituição foi presidida por uma mulher. Ao analisar a lista de conselheiros federais, encontramos, dentre os 82 nomes constantes da página web da instituição, apenas os de seis mulheres.
Se, por sua vez, focarmos na nossa OAB estadual, é certo que lá figura atualmente uma vice-presidente, porém encontramos, analisando os dados constantes na data de hoje na página oficial da instituição, apenas 12 mulheres dentre os 66 conselheiros estaduais, nenhuma entre os conselheiros federais e, igualmente à OAB federal, a nossa seccional jamais teve uma mulher ocupando o seu posto mais alto.
Precisamos mudar esse cenário e aplicar, na casa da cidadania, os direitos afirmados em nossa Constituição Federal. Precisamos valorizar a igualdade, dar vez e voz às mulheres, que, embora possuam mesmos cargos, igual competência e capacidade de trabalho dos seus companheiros, ainda se veem obrigadas a se submeter a menores salários e à impossibilidade de ascensão a cargos de representatividade. É preciso, enfim, levar para a Ordem a igualdade de valores, a igualdade de participação de homens e mulheres. É por isso que lutamos!
informativo_abrat_mai2015.pdf
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